quinta-feira, 25 de junho de 2009

Aluísio Matias: história forjada com sofrimento e poesia

Cordões com bandeirinhas sendo colocados na garagem da casa. Alegria nos olhos que vem do coração. Prepara-se o local como quem prepara um altar.

Neste fim de tarde ele não vestirá a camisa na última hora aos apelos do “Tá na hora! Tamos atrasados!”. Não . Desta vez ele aprontou-se duas horas antes. Alheio ao que se passava na garagem, senta-se, vestido de branco, na varanda. Espera os quem vem para a festa. Festa com missa e tudo. Festa modesta, como a missa, aos modos como ele modelou esses oitenta e cinco anos. Modesto e teimoso. Fazedor de história forjada com sofrimento e poesia.

Ali sentado, mergulhado dentro de si, enquanto conversas e risos passeavam pela arrumação do local da festa. Poucos conseguem alcançar a maioridade com tamanha lucidez e presteza. Maior seria a palavra mais adequada para quem testemunha-se em tantas histórias. Se criança é menor porque idoso não é maior? É maior sim. Maior sobretudo em sabedoria, sabedoria esta própria de quem é agraciado por Deus para viver longamente. Maior em experiência e em des-experiências.

Foi de maior que ele explodiu-se poeta. Poesias maduras na adolescência dos primeiros versos.

A festa já acontece. Começa deste quando se pensa em festejar. É como a poesia, existe mesmo antes da gente dizê-la.

Feliz aniversário, meu pai

Alexandre Fonseca

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