segunda-feira, 8 de junho de 2009

Santíssima Trindade: perfeição na diversidade


O cristianismo anuncia que Deus revela-se na pluralidade. Deus é três na perfeita unidade. Sempre cabe ressaltar que essa unidade não é uniformidade. São três pessoas distintas, mas não separadas. Uma relação dialógica alicerçada no amor que forma uma perfeita comunhão. Esta possibilidade de deferentes viverem numa convivência fraterna em eterna harmonia e paz apresenta-se hoje como um relevante paradigma.

Ocorre que o cristianismo chegou neste continente revestido de preconceito e intolerância religiosa, imbuído de arrogância teológica. Os missionários, tanto da Igreja Católica como das Igrejas da Reforma, costumavam satanizar as variadas concepções de divindades indígenas e impunham a sua. Cada Igreja adotava a prerrogativa de ser única e verdadeira, anunciando o mesmo Deus trino. Ainda hoje, infelizmente, prevalecem algumas distorções que inviabiliza ou retarda o processo de aproximação e diálogo.

Talvez o desafio de maior envergadura deste novo século seja o pluralismo religioso. Dialogar inspirados no modelo paradigmático da Santíssima Trindade pode ser um caminho frutuoso. O Secretariado para os não Cristãos da Igreja Católica de Rito Romano define diálogo inter-religioso como o “conjunto das relações inter-religiosas, positivas e construtivas, com pessoas e comunidades de outras confissões religiosas para um mútuo conhecimento e um recíproco enriquecimento” (SECRETARIADO PARA OS NÃO CRISTÃOS. A Igreja e as outras religiões – diálogo e missão. 3ª ed., São Paulo, Paulinas, 2003, p.3).

O diálogo requer abertura e acolhimento. Não cabem atitudes como auto-suficiência, arrogância, sentimento de superioridade. No diálogo a diversidade é tomada como preciso valor. Exige humildade na busca da verdade. “É indispensável que a busca da verdade ocorra sem restrições mentais, em espírito de acolhida e abertura, pois ninguém pode pretender uma assimilação plena deste horizonte que está sempre adiante”(TEIXEIRA, Faustino. Ecumenismo e diálogo inter-religioso. A arte do possível. Aparecida, Santuário, 2008, p. 146).

Inspirados na Santíssima Trindade poderemos enveredar pelos caminhos do diálogo na construção de um mundo de paz.

Alexandre Fonseca

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