terça-feira, 9 de junho de 2009

O preço de uma vida


Um homem entra em uma locadora de DVD, dirige-se ao proprietário que se encontra sentado em um tamborete. Sem pronunciar nenhuma palavra saca de um revólver e dispara quatro tiros na cabeça da vítima. Depois foge do local.

A cidade de Quixeramobim amanhece marcada com mais um crime de encomenda ou pistolagem. É o tema principal nas rodas de conversas. Quem mandou matar? Por que? Lembram do último caso? Questões como estas brotam com imensa fartura.

Certa hora, entro numa conversa e pergunto?
- “Quanto deve ser que se paga para um pistoleiro fazer um “serviço” deste?
Alguém diz:
- “acho que uns quinhentos reais”.
- “Quinhentos reais??!! Acha que seria apenas isso?” Reajo.
- “Ora, quando o caso é mais sofisticado, talvez uns mil reais, não mais que isso!” Respondeu sem titubear meu interlocutor.

Martela em minha mente: Quanto vale uma vida? Quais as raízes deste procedimento frio e desumano?

No ano passado aconteceu em Fortaleza um assassinato de encomenda cujo desfecho aponta até onde vai a banalização da vida e perversão do ser humano. Alguém contratou um pistoleiro para matar um vendedor de livros usados. Combinam o preço, metade do valor naquele momento e a outra metade depois da execução do crime. O matador inusitadamente resolveu terceirizar tarefa: contratou, por um pequeno preço, um outro assassino, que era menor de idade.

Na Região Metropolitana de Fortaleza, 85 pessoas foram assassinadas com características de pistolagem entre janeiro a outubro de 2008 (cf. Diário do Nordeste, 08/12/08). É aterrorizador o aumento vertiginoso de casos. Em 1997 foram registrado 8 casos em todo o Estado do Ceará.

Prevalece em nosso meio o mecanismo de controle social utilizado desde o início do século XVII - a eliminação física dos oponentes ou desafetos. Modernizaram-se, talvez, as armas e os veículos de fugas dos executores. Porém, barbárie moderna ou atrasada é sempre barbárie.

Precisamos romper com nossa indiferença, expressar nossa indignação e exigir procedimentos eficazes do poder público, quais sejam apurar os fatos, prender e julgar mandantes e executores.

Alexandre Fonseca

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