sexta-feira, 12 de junho de 2009

Teimoso e fixo no sempre sair

vou entregue ao nada e ao tudo
vou livre sem absoluta expectativa planejada
vou feito 'tabula rasa'
absolutamente entregue
uma viagem atordoada e tranquila
espera no saguão do aeroporto
espera tranquila
não sei se confiante, mas não temerosa
espera
espera entregue ao que pode vir
acredita que vi o avião sair de Salvador, dando macha-ré e cochilei e acordei ele plainando sobre um lindíssimo mar? Não vi zoada ou ouvi friozinho na
barriga
nada
simplemente voei

Assim vou a este tempo gaucho
desexpectativado

alisar à contra pêlo tem sido o que sou
às vezes me vem objeções internas propondo o verbo 'se': "Se você tivesse feito
assim..." E vem um monte de 'se' e monta-se um mundo de como seria 'se'. Risos. Depois de algum tempo desmorona-se os mundos dos 'se' e passo a besteirar e mangar
mango de mim
mango dos mundos
mango dos 'se'
mango da vida
mango da morte
mango da sorte
corro livre e preso a minha sina
sina da liberdade
sina do amor
enquadrado na estrutura de modo completamente desenquadrado
sou e não sou
chove e faz sol
vou brincar de bíblia nas tradições luteranas
vou abandonado
vou abandonando
entregue
na contra mão
remando no contra pêlo
se isso é inteligência
nasci nela
me entendi de gente nela
Penso em tirar a barba
chegar outro noutro lugar
experimentar-me diferente
risos
Alguém me viu de sapatos e ficou encantadoramente surpreso: 'seria possível?'
Pensou. Mas não tenho problemas em sapatos, muito menos com
chinelas para promover surpresas no desuso
Sou preso ao nada
sou livre ao tudo
amar você na liberdade dos caminhos, único caminho
Vou assim
sobre as águas condensadas das nuvens
mexer na bíblia
noutra feitura de olhar e crer
Vou no absoluta e no (o que é mesmo o contrário de absoluto?)
Vou
Ficar seria ferir o meu ser teimoso e fixo no sair sempre
Alexandre Fonseca
03/jan/09, sobre as nuvens para o Rio Grande

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