quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ver e reconhecer Jesus (João, 1,29-34)


João Batista, filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria santíssima viu Jesus e o reconheceu como Cordeiro de Deus. Em outra ocasião João manda dois de seus discípulos perguntarem a Jesus se ele era o Messias. Sabe como Jesus respondeu? Primeiro Jesus agiu: Curou, libertou, protegeu que sofria e depois mandou os discípulos de João dizer o que viram e ouviram (cf. Lc 7,18,23; Mt 11,1-19)

Quero dedicar esta reflexão sobre a importância do ver e do reconhecer Jesus.

É preciso que a gente veja e reconheça Jesus. É complicado ver e reconhecer Jesus? Não, não é. Vou contar uma história que aprendi do padre Martinho, experiente missionário lazarista, que trabalhou muitos aos no Maranhão. Ele narrou a seguinte história:

Numa cidade como essa aqui de Quixeramobim tinha uma velha, cabelo meio despenteado, que todo dia de manhã saia de casa com uma vassoura, praticamente atravessava a cidade, passava de frente a igreja e seguia adiante. Nunca ninguém viu essa senhora freqüentando a missa. Alguém botou um apelido nela: Maria Vassoura. Então, cada dia, ela passava e muita gente gritava: lá vai a Maria Vassoura; Ei Maria Vassoura! Gritavam. As crianças tinham medo da Maria Vassoura.

Até que um dia umas três pessoas da igreja católica resolveram seguir a Maria Vassoura para ver aonde ela ia todo santo dia com aquela vassoura. Sem dizer nada, seguiram a Maria Vassoura. Certo momento Maria Vassoura entrou em uma casinha, no final de uma ruazinha da cidade. Essas três pessoas entraram na casa. Viram um casal de velhinhos que moravam sozinhos e prostrados em suas redes. Maria Vassoura barria a casa; banhava os velhinhos; preparava a comida. As três pessoas, muito admiradas, perguntaram: são seus pais? Maria Vassoura respondeu: Não, não são meus pais. Nem mesmo eu os conhecia. Certa vez andando por aqui vi os dois abandonados e desde aquele dia passei a cuidar deles. E Maria Vassoura concluiu: cuido deles como quem cuida de Jesus. Desde aquele momento a cidade inteira passou a olhar Maria Vassoura com outra maneira.

Minha gente tem muito Jesus no nosso meio e tem muita Maria Vassoura também! Precisamos aprender a olhar e ver olhar e o Reino de Deus aqui em Quixeramobim; precisamos olhar e reconhecer Jesus no nosso meio.

Precisamos aprender a olhar. Precisamos educar nosso olhar. Tem gente que olha com inveja, com raiva, com maldade. Tem gente que tem olho gordo, mal olhado. Tem até rezas apropriadas para se proteger destes tipos de olhados.

Minha gente boa de Quixeramobim precisamos mudar nosso modo de olhar. Olhar com atenção, com fé, com esperança, com caridade. Precisamos aprender a ser como Maria Vassoura que sabia ver e reconhecer Jesus. Mesmo não freqüentando a missa, as coisas da igreja, sabia ver Jesus naquele casal de velhinhos. Precisamos aprender e fazer como a Maria Vassoura: ver e reconhecer Jesus em que sofre.

E onde podemos aprender isso? Qual a escola que devemos freqüentar?

Tem uma escola que ensina a ver e reconhecer Jesus. Uma escola gratuita, uma escola dada de graça por Deus para nós – a escola da vida.

Minha gente! Na escola da vida podemos aprender a olhar e ver como a Maria Vassoura. E a escola de ensino fundamental da vida é a família! Isso mesmo! Seja a família de sangue, de nascimento, seja a família adotada. Na família a gente aprende a olhar, a falar, a conviver, a brigar, a desbrigar, a perdoar, a repartir, a rezar.

A família é a escola de ensino fundamental da fé, é a escola de ensino fundamental da esperança, é a escola de ensino fundamental da caridade.

Onde vocês pensam que João Batista aprendeu a ver e reconhecer Jesus? Não foi na sinagoga, nem no templo. Ele aprendeu na sua família: com Isabel, com Zacarias, seus pais; com Maria e com José, seus tios.

Precisamos aprender a olhar com fé. E o que é olhar com fé? É olhar com confiança. Confiar em Deus. Acreditar que somos semelhantes a Deus. Mais ainda que isso: que nosso irmão e irmã que sofre é o próprio Jesus. Olhar, ver e reconhecer o Reino de Deus presente em Quixeramobim.
Precisamos aprender a olhar com Esperança. E o que é olhar com esperança? É olhar com otimismo. Enfrentar as dificuldades certos de que Deus caminha com a gente, ao nosso lado. Apesar das doenças, da violência, das traições, das brigas, dos desarranjos, acreditar que vai melhorar. Como dia o ditado: “Tá ruim, mas tá bom!”
Precisamos aprender a olhar com caridade. E o que é olhar com caridade? É olhar com amor, com ternura, com paciência. É olhar com o coração desarmado. É viver como a Maria Vassoura!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Alexandre Fonseca
Homilia na trezena de Santo Antonio de Quixeramobim - CE, 06/junho/09.

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